Maior tragédia climática da Região Serrana completa 10 anos.
Repórter Panorama: Segunda-Feira (11/01/2021) - OPINIÃO: Hoje completam
10 anos da maior tragédia climática que a Região Serrana passou. Como não
lembrar daquela fatídica noite que deixou marcas em muitos de nós. De acordo
com dados oficiais, o Distrito de Campinas, na zona Rural do nosso município,
mais duramente atingido foram 21 vidas ceifadas, além de 311 desalojados e 200
desabrigados em todo o nosso município. As águas do Rio Paquequer, impiedosas,
num volume nunca visto antes, atingiu no amanhecer do dia 12 de Janeiro, a zona
urbana causando destruição e muitos prejuízos aos moradores, principalmente de
bairros como as Duas Irmãs, São Caetano, Corguinho, Nossa Senhora de Fátima e
Barra de São Francisco.
Os reflexos dessa chuva descomunal são sentidos até hoje, pois uma
década após o ocorrido, moradores desalojados foram forçados a recomeçarem suas
vidas em locais inimagináveis. Ficou escancarada após essa tragédia climática,
a falta de uma política habitacional voltada as pessoas de menor poder
aquisitivo, pois nenhuma residência prometida pelo poder público estadual ao
nosso município foi entregue. São exemplos espalhados por Sumidouro de escolas
antes estaduais, o próprio conjunto habitacional da Lagoa e as obras antes
abandonadas do próprio hospital estadual, uma promessa do Governo do Estado,
que hoje se tornou o lar de dezenas de famílias. A própria sociedade e o poder
público alheio nessa década, ignoraram essa situação de vulnerabilidade social.
Nessa década foram feitas por parte dos representantes do poder público
municipal melhorias estruturais para deixarem os locais habitáveis, mas
convenhamos que muito há de ser feito.
Destaca-se que aluguéis sociais foram pagos tanto pelo poder público
municipal como pelo estadual a dezenas de famílias para alugarem novas
residências, mas quem lembra-se da dificuldade de encontrar imóveis e dos
valores que foram reajustados por proprietários, tornando a busca de um novo
lar outro calvário. Infelizmente vimos o melhor e o pior do ser humano naqueles
tempos. Quem não se lembra de comerciantes nos municípios de nossa região sendo
autuados ou mesmo detidos devido ao aumento abusivo dos valores dos produtos. A
ganância em cima do sofrimento alheio, triste de se ver, mas a dura realidade.
O lado positivo dessa tragédia climática foi o grande número de doações de moradores, comerciantes, empresários de todo o país que encheram de solidariedade com o próximo. Exemplos de boas ações são inúmeros e merecem sempre serem recordados e destacados.
Nesse dia 11 de Janeiro, vamos lembrar e refletir nesses dez anos que se passaram as dificuldades, os traumas trazidos por cada um de nós, das vidas que se foram e refletirmos o que podemos fazer como cidadão por uma sociedade mais justa.
Na página da Rádio Panorama nas redes sociais é possível encontrar mais imagens desse triste dia feitas pela nossa equipe de reportagem há exatos 10 anos atrás.
Imagem: Rádio Panorama - Bairro das Duas Irmãs em 12/01/2010.
Imagem: Rádio Panorama - Bairro de Nossa Senhora de Fátima - Volta em 12/01/2010.
Imagem: Rádio Panorama - CIEP 283 - Maria Amélia Pacheco - foto tirada do bairro Vila Lamplona.
Imagem: Rádio Panorama - Bairro de Nossa Senhora de Fátima, em que moradores perderam suas residências - em 12/01/2010.